Operadora aplicou entre € 250 milhões e € 750 milhões por ano em dívida de empresas do Grupo Espírito Santo
A Portugal Telecom (PT) investiu entre € 250 milhões e € 750 milhões por ano em dívida de curto prazo do Grupo Espírito Santo (GES), entre 2001 e 2013, apurou o "Diário Econômico". Durante este período, os únicos exercícios em que a PT não teve em carteira títulos de dívida de empresas do GES foram os de 2008 e 2009.
Os valores estão referidos nas contas da empresa, como investimentos de curto prazo e com objetivo de rentabilidade, com referência a 31 de dezembro de cada ano. Começaram com Murteira Nabo, e 'apanham' todos os presidentes (veja abaixo). Até a publicação dest reportagem, não foi possível obter esclarecimentos da PT sobre esta política de investimento.
Os investimentos foram realizados em papel comercial de várias empresas do GES, incluindo da holding de topo Espírito Santo International (ESI). Em fevereiro, porém, o investimento de € 750 milhões em dívida da ESI passou para papel comercial da subsidiária Rioforte, e o montante subiu para € 897 milhões.
Foi esta aplicação em dívida da Rioforte que fez estalar o verniz na relação com os parceiro brasileiros da PT e pôs em causa o processo de fusão com a Oi.
A questão foi debatida na reunião do conselho de administração da PT na sexta-feira (11) e que foi interrompida durante o fim de semana. Segundo o "Diário Económico" apurou, a reunião será retomada nesta segunda-feira (14), para deliberar sobre as negociações que decorreram no fim de semana entre Lisboa e o Rio de Janeiro.
No momento em que a fusão da PT e da Oi está próxima de ser concluída, os acionistas da empresa brasileira exigem uma revisão dos termos de troca da fusão entre as duas companhias, enquanto os acionistas da PT rejeitam essa possibilidade.
Os brasileiros alegam que o investimento em dívida da Rioforte, que terá de ser refinanciado até 15 de julho pelo GES, tira valor da PT, e configura desrespeito ao compromisso assumido entre as duas partes no memorando de entendimento que deu o sinal verde para a fusão. Segundo o "Diário Económico" apurou, o lado brasileiro pretende que os ativos da PT representem apenas 20% da nova empresa, muito abaixo dos 37% acordados.
Para a administração da PT, a questão é clara: os brasileiros não podem invocar desconhecimento da aplicação porque consta do relatório e contas de 2013, assinado por dois administradores da Oi na PT que, entretando, pediram a sua demissão. Além disso, quando ocorreu o aumento de capital da Oi, em meados de abril, em que a PT participou em espécie, com os respectivos ativos, a administração da Oi teve condições para conhecer em detalhes os pormenores da gestão de tesouraria da PT, e nunca sucitou qualquer tipo de questão, diz outra fonte.
Investimentos da PT em dívida do GES
A PT investiu entre € 250 milhões e € 750 milhões por ano no GES
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